A Banca


Aconteceu no dia 30/09 deste 2011, sexta-feira, o Festival Bairro-Escola São Paulo. O evento foi organizado pela Associação Cidade Escola Aprendiz e reuniu no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, debatedores para falar sobre educação integral.
Professor apresentando propostas para melhoria na educação e levantando temas  polêmicos
                                           
 Nós do NUPS, saímos da escola logo depois do período de aula e pegamos dois ônibus até o longínquo Parque da Água Branca. Já a ida foi um cenário propício para a experimentação de novas vivências, uma vez que grande parte do grupo não está acostumada a andar de transporte público. 
NUPSianas!
O tema foi discutido em três grupos principais, cada um com perspectivas diferentes e específicas: Arranjos Culturais, Comunicação Comunitária e Educação, Cidadania e Política. A reunião dessas mesas se deu de manhã, período o qual o NUPS não esteve presente. De qualquer maneira, na parte da tarde (quando já estávamos lá) foi organizada uma plenária para a socialização das ideias debatidas e surgidas de manhã.
As conclusões dos grupos puderam ser sintetizadas na plenária, além de serem discutidas outras problematizações em comum que dizem respeito à educação e a forma como estamos a exercendo. O grupo de Arranjos Culturais concluiu que atualmente a cultura não tem conversado com a escola e que isso causa grande perda para o aprendizado dos alunos. A mesa de Comunicação Comunitária tinha como público principal os jovens, e a discussão girou em torno de como expandir a comunicação. A mesa de Educação, Cidadania e Política trouxe a reflexão sobre a necessidade de romper com os muros da escola. Tanto em relação à ampliação do diálogo do aluno com o professor, como também da escola com a comunidade.


Participação de diversas escolas na palestra.
 Fora o que foi discutido por cada uma das mesas em particular, a plenária teve como objetivo juntar todas as informações que têm em comum os problemas e soluções da educação para a educação principalmente em São Paulo. 
 Fomos apresentados a um projeto que fez um pequeno programa de rádio que discutia justamente essas problematizações da educação, dando ênfase na Poligremia, encontro de grêmios estudantis que buscam discutir as interferências políticas dos alunos no espaço escolar.
Mas polêmica mesmo foi a que surgiu da pergunta de uma professora: “Meu aluno vive me perguntando se funk é arte”. E aí? Surgiram várias e várias argumentações e argumentos que deixaram a plenária com um ambiente de debate intenso e muito produtivo. 


 Surgiam pequenas discussões: “Funk é arte. Tem gente que curte Picasso, eu não curto, prefiro Créu”. E respondiam-se com questões que traziam a ideia de funk como uma música que diferencia a mulher, vangloria o crime e o uso de drogas de qualquer espécie e não poderia ser considerada arte. No final, concluía-se: é uma forma de expressão!
Prevaleceu depois da discussão a ideia de aprender a respeitar, ter um conceito e não um pré-conceito. Tudo que é forma de expressão é cultura, e isso vai do que é “bom” ao que é “ruim”. A questão é o que é arte? Quem define isso? É a elite. E além do mais, expressões artísticas de qualquer jeito são históricas, e esse preconceito que temos hoje com o funk já foi realidade para o samba e o rap. Existe toda uma questão histórico-social. O funk, do seu lado, poderia ser usado para estudar diferentes formas de preconceito e para uma análise social do brasileiro.
Depois de uma acalorada discussão em torno do que é ou não cultura, de misturas e separações, tivemos uma apresentação de música que juntava diferentes. O pessoal da produtora cultural A Banca, nossos queridos parceiros que trazem o hip-hop com seus mini MCs e as carrapetas do DJ Bola; uma dupla de música boliviana; a banda Comboio, com seu som mais jazz de saxofones e contra baixos; e uma sambista de voz maravilhosa. Tudo junto e misturado formando um resultado que se completava e fazia uma experiência sonora incrível.

Ensaio aberto


         Observava-se uma visível atmosfera de descontração e harmonia, com as pessoas dançando e sentindo esse clima – que pode parecer até romântico-clichê – de junção dos diferentes que, no final e quando há algo em comum, acabam tornando-se muito mais iguais que distintos. Percebe-se que, independente das origens, existem pessoas das mais diversas buscando uma sociedade mais igual e, no caso do tema do seminário, uma educação na qual os alunos tenham mais voz e na qual haja mais espaço para o pensar livremente.
Galera do Aprendiz

Maria Elisa Savaget


Seminário “Do outro lado da ponte”


No  dia 31 de maio os integrantes do Núcleo de Projeto Sociais (NUPS) mais uma vez saíram a campo para vivenciar e ver de perto a realidade na periferia da cidade. Nosso destino fora o CEU Vila do Sol, no bairro Jardim Ângela, localizado no extremo sul de São Paulo.

Vista do bairro Monte Azul
A experiência tem início logo em nosso trajeto, da janela de nossa van vemos a cidade se transformar. De uma Avenida Santo Amaro a uma estrada M Boi Mirim as diferenças não são meras coincidências. Vamos ao encontro do grupo A Banca Audácia Jovem, que em parceria com a comunidade realizava o seminário “do outro lado da ponte”.

      O objetivo do evento era iniciar uma reflexão propositiva sobre as questões de infraestrutura da região localizada no extremo do bairro, e futuramente, constituir um fórum permanente que discuta e proponha mudanças com a participação das instituições parceiras, moradores e poder público.
      De início tivemos a palestra com o professor Marcelo Arno da Universidade de São Paulo tendo como tema “direito à cidade”, que entre muitos dizeres ressaltou a cobrança pela população ao governo e a importância do envolvimento da comunidade nesses assuntos.


           Em seguida fomos divididos em Grupos de Discussão, onde os assuntos variavam entre Meio Ambiente, Cultura, Habitação e Mobilidade. A partir desses grupos menores conseguimos uma maior dinâmica, onde ao final das discussões cada grupo apresentou medidas para solucionar os problemas do bairro nos quatro quesitos estipulados.


    Para finalizarmos com chave de ouro, A Banca em parceria com alunos do Lourenço Castanho demonstraram todos os seus dotes acumulados em inúmeros ensaios, e mostraram que não só a mistura entre Hip Hop e percussão deu mais do que certo, como também a nossa ponte entre dois mundos diferentes. 

Finalização da atividade
Rodolfo Pires

DEPOIMENTO  SOBRE O SEMINÁRIO

O CEU estava lotado, a maioria de moradores da região e principalmente aqueles que, como nós, não tinham noção da magnitude de um projeto como esse. A experiência nos foi útil e o resultado foi muito além do que esperávamos. Chegamos a tempo de ver a palestra sobre o “direito a cidade” de Marcelo Arno (USP). Sempre defendendo o direito do cidadão de lutar pelas melhorias em sua região, Marcelo falou muito no poder do jovem e que “mobilização vem com conhecimento”.
Nups + Aprendiz discutindo melhorias
O jardim Ângela é uma região de São Paulo que não é nada valorizada pela prefeitura, pelo contrário, sofre serias consequências com a corrupção e até mesmo a falta de organização e distribuição do governo. Dessa maneira, atitudes como estas possibilitam aos moradores uma forma de expressarem-se, o que mais se ouviu nos grupo de discussões foram às reclamações e as ideias de melhorias daqueles que convivem com os mesmos problemas todos os dias e sentem, na maioria das vezes, que nunca serão ouvidos. Das discussões surgiram várias ideias e resultados, aquilo que realmente pode ser posto em prática. Desde uma melhor utilização do espaço do CEU ou a criação de espaços e eventos culturais, até soluções para melhor mobilização dos trabalhadores que se locomovem com dificuldade todo dia pra seus respectivos trabalhos foram discutidos.
Talvez essas mudanças não foram postas em prática no total, mas serviram de exemplo para mostrar a vontade que os moradores tem em mudar o estilo de vida de sua região. Serviu para mostrar a força que eles representam. Após os discursos de fechamento, tivemos maravilhosas apresentações, uma da A Banca, que faz parceria com a escola Lourenço Castanho e o NUPS, e a outra, uma apresentação de capoeira.
Tivemos a honra de nos apresentar junto com os integrantes da A Banca, Bola e Macarrão e seus MC, tocando os instrumentos que nos são conhecidos nas oficinas feitas na escola. Ao final voltamos para nossas casas depois de um longo percurso de volta.

Maria Eduarda 


Oficinas de Cultura Urbana



Oficina de Grafitti com a Banca




  Em 2011, o NUPS iniciou uma parceria com a produtora cultural A Banca. Nas palavras dos próprios idealizadores do projeto: “Nossa missão é realizar atividades culturais e sociais nas comunidades que promovam oportunidades de socialização, diversão e renda aos envolvidos, contribuindo para a melhora na qualidade de vida na periferia e o resgate de seu espaço-social”.
O intuito das Oficinas que “implantamos” no Lourenço é integrar os jovens de classe média com a cultura hip-hop que é, na maioria das vezes, atribuída à periferia e com um tom também pejorativo. Além disso, buscamos fundir nossos gostos artísticos com a própria cultura que nos foi apresentada.
Os responsáveis por essa fusão são os já famosos “manos”: Bola, Macarrão, Shark, Daniel e Silvio. Todos os cinco desempenhando uma função distinta que é imprescindível para o bom funcionamento do projeto: Bola é o nosso DJ, Shark e Daniel são os MCs (Mestres de Cerimônia), Silvio é responsável pela parte visual do graffiti e Macarrão toca violão e contribui para a parte musical.
Dj Bola e Isa Caravalho nas Pick-ups!
Os encontros são marcados pela descontração – o que às vezes é até mais produtivo, sem tanta pressão. Todas as sextas-feiras nos reunimos para realizarmos eventuais ensaios ou simplesmente pegar os instrumentos e soltar a imaginação e deixar a tensão de lado por alguns instantes. Sempre encorajados pelos ‘coordenadores’ (aspas porque não hierarquia, cada um cria do jeito que quer) nos integramos cada vez mais com essa cultura urbana, sem deixar de lado o que nos é mais familiar.
Macarrão
  Misturando o talento dos alunos do Lourenço e a criatividade geral dos manos conseguimos fundir músicas já nossas conhecidas (The Doors, “Play That Funky Music”) com batidas de hip-hop introduzidas à nós por nossos coordenadores. Recentemente, junto da Escola Carandá, parceira nossa com o “Teto”, avançamos mais um passo na criatividade: criamos uma música baseada em nossa experiência da Enquete Massiva chamada “Sábado de Sol no Jardim Tonato” (ler matéria detecção).

   A partir dessa iniciativa que deu certo graças ao NUPS conquistamos muita coisa e aprendemos demais: fomos introduzidos a uma cultura nova vinda de pessoas com uma cultura totalmente diferente da nossa. Vindos de universos tão distintos, pudemos mesclar tudo e produzir maior cultura em conjunto. É um momento de troca e aprendizagem vinda dos dois lados e que acrescenta tanto a nós ‘playboyzinhos’ quanto aos ‘manos da quebrada’.

Primeiro dia de atividades

Mari Carvalho e Julia Rodrigues
Produzindo os stencils